Embrulho sem presente (versão 2)
Foi só quando já não sabia onde procurar que tive a minha resposta. Os meus passos errantes levaram-me até onde se tinham juntado muitos daqueles que sabiam de dores. Era um hospital, talvez, ou uma prisão. Ou um barracão de janelas abertas para o frio da noite. Uma mãe tinha perdido um filho. Outra tinha um filho doente. Um homem jazia imóvel num leito e gemia sem parar. Outro tinha um sonho grande e umas mãos pequenas, e sofria de não ser capaz. Havia cegos e alguns que, vendo, desejavam ver de um outro modo. Havia os que tinham cavado na alma, com as próprias mãos, chagas a que nenhum médico poderia acudir.